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sábado, 29 de agosto de 2020

TÁ PENSANDO QUE O CORONA VÍRUS JÁ ACABOU? Pensamento


Ele está apenas esperando você dar uma vacilada e te pegar de jeito.

Cuide-se ! 

O médico Mister Bean irá cuidar de você com todo carinho.

Você quer isso?
 

ÉS APENAS PÓ : Pensamento


 

QUANDO ME TORNEI INVISÍVEL: Textos e Autores


Depoimento arrasador sobre a sensação de solidão de uma idosa ignorada pela família.

Não sei que dia é hoje. Nesta casa não há calendários e, na minha memória, as datas estão todas emaranhadas. Eu me lembro daqueles calendários grandes, uns primores, ilustrados com imagens dos santos, que colocávamos ao lado da penteadeira.

Agora não há mais nada disso. Todas as casas antigas foram desaparecendo. E eu, eu também fui me apagando, sem que ninguém se desse conta.

Primeiro me trocaram de quarto, porque a família cresceu. Depois me passaram para outro menor ainda, acompanhada de uma das minhas bisnetas. Agora ocupo o quartinho das bugigangas, que fica no quintal. Prometeram trocar o vidro quebrado da janela, mas esqueceram, e, todas as noites, ele deixa passar um arzinho gelado que aumenta as minhas dores reumáticas.

Faz muito tempo que eu tinha intenção de escrever, mas passei semanas procurando uma caneta e, quando encontrava, eu mesma voltava a esquecer onde a tinha posto. Na minha idade as coisas se perdem facilmente: claro que é uma doença delas, das coisas, porque eu tenho certeza de que as tenho; são elas que sempre desaparecem.

Numa outra tarde, notei que a minha voz também tinha desaparecido. Quando eu falo com os meus netos ou com os meus filhos, eles não me respondem. Todos conversam sem me olhar, como se eu não estivesse com eles, escutando atenta o que eles dizem. Às vezes tento participar da conversa, certa de que vou dizer algo em que nenhum deles tinha pensado, e de que os meus conselhos vão ser bem úteis para eles. Mas eles não me ouvem, não me olham, não me respondem. Então, cheia de tristeza, eu me retiro para o meu quarto antes de terminar a xícara de café. E faço assim, de repente, para que eles entendam que estou chateada, para que se deem conta de que me ofenderam e venham me buscar e peçam desculpas… Mas não vem ninguém.

Outro dia eu disse a eles que, quando morresse, aí sim todos iam sentir a minha falta. O neto menor respondeu: “Ah, mas a senhora ainda está viva, vovó?”. Eles acharam tanta graça que não paravam de rir.

Fiquei três dias chorando no meu quarto, até que, certa manhã, entrou um dos rapazes para pegar uns pneus velhos e nem bom dia me deu. Foi então que eu percebi que sou invisível. Parei no meio da sala para ver se, atrapalhando, eles me olhavam, mas a minha filha continuou varrendo sem me tocar, e as crianças corriam ao meu redor, de um lado para o outro, sem tropeçar em mim.

Quando meu genro ficou doente, achei que era uma oportunidade para ser útil a ele. Levei um chá especial que eu mesma preparei. Coloquei-o na mesinha e me sentei para esperar que ele o tomasse, mas ele continuou vendo televisão e nenhum movimento me indicou que ele tinha sequer notado a minha presença. O chá foi esfriando pouco a pouco, e, junto com ele, o meu coração.

Numa sexta-feira, as crianças se alvoroçaram  e vieram me dizer que no dia seguinte íamos todos passar um dia no campo. Fiquei muito contente! Fazia tanto tempo que eu não saía, menos ainda para passear!

No sábado, fui a primeira a me levantar. Quis arrumar as minhas coisas com calma. Nós, velhos, demoramos muito para fazer qualquer coisa; então eu me adiantei para não atrasá-los. Eles entravam e saíam da casa correndo e levavam bolsas e brinquedos para o carro. Eu já estava pronta e, muito alegre, fiquei na sala esperando.

Quando arrancaram e o carro desapareceu, numa nuvem de barulho, eu entendi que não tinha sido convidada; talvez porque não coubesse no carro ou porque os meus passos tão lentos impediriam que todos eles andassem e corressem à vontade pelo bosque.

Senti o meu coração se apertar. O meu queixo tremia como quando a gente não aguenta mais engolir a vontade de chorar.

Vivo com a minha família e fico mais velha a cada dia, mas, coisa curiosa, não faço mais aniversário. Ninguém se lembra. Todos estão ocupados. Eu os entendo. Eles sim fazem coisas importantes. Eles riem, gritam, sonham, choram, se abraçam, se beijam. Eu nem sei mais como é o gosto de um beijo. Antes, os pequeninos me davam beijinhos e era um gosto enorme tê-los nos braços, como se fossem meus! Eu sentia a ternura da sua pele e a doçura da sua respiração bem perto de mim! A vida nova me invadia como um alento e até me dava vontade de cantar cantigas de berço que eu nem imaginava que ainda me lembrasse.

Mas, um dia, a minha neta Margarita, que acabava de ter seu bebê, disse que não era bom que os velhos beijassem os bebês por motivos de saúde. Eu não me aproximei mais, para não lhes passar algo ruim com as minhas imprudências. Tenho muito medo de contagiá-los!

Eu dou a todos eles a minha bênção e o meu perdão, porque, afinal, que culpa eles têm, coitados, de eu ter ficado invisível?

Tomara que no dia de amanhã, quando eles ficarem velhos, continuem tendo essa união entre eles e não sintam o frio nem as decepções.

Que tenham inteligência suficiente para aceitar que a vida deles não conta mais, como pedem de mim.

E Deus queira que eles não virem “velhos sentimentais que ainda querem chamar a atenção”.

E que os filhos deles não os façam se sentir como sombras, para que no dia de amanhã não tenham que morrer já estando mortos desde antes… como eu.

Texto original em espanhol por Silvia Castillejos

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

AMOR AO PRÓXIMO : Reflexão


 

QUANDO SE PERDE TUDO...Reflexão


 

ESPERANDO A TEMPESTADE PASSAR...Vida


 

E DE REPENTE...TUDO COMEÇOU : Vídeo



 

A GANÂNCIA DE MUITOS : Pensamento


 

E ELES FICAM ONDE? Pensamento


 

O TESTAMENTO DO MENDIGO : Poesia de Urbano Reis


 Agora no fim da vida

como mendigo que sou,
me sinto preocupado,
intrigado,
e num momento,
me pergunto
embaraçado,
se faço ou não testamento ?

Não tendo
como não tenho
e nunca tive ninguém,
pra quem é que vou deixar
tudo o que tenho:
Os meus bens ?

Pra quem é que eu vou deixar
se fizer um testamento,
minhas calças remendadas,
meu céu, minhas estrelas,
que me não canso de vê-las
quando ao relento deitado,
deixo o olhar perdido,
distante, no firmamento ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem é que vou deixar
minha camisa rasgada,
e as águas dos rios, dos lagos,
águas correntes, paradas,
onde, as vezes tomo banho ?

Pra quem vou eu deixar,
se eu fizer um testamento,
os meus bandos de pardais
que ao entardecer,
nas árvores,
brincando de esconde-esconde
procuram se divertir ?

Pra quem eu vou deixar
estas folhas de jornais
que uso pra me cobrir ?

Pra quem eu vou deixar,
se fizer um testamento,
vaga-lumes que em rebanhos
cercam meu corpo de noite,
quando o verão é chegado ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem vou deixar,
mendigo assim como sou,
todo o ouro que me dá
o sol que vejo nascer
quando acordo na alvorada ?
O sol que seca meu corpo
que o orvalho da madrugada
com sua carícia,
molhou ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem vou deixar
meu chapéu todo amassado,
onde escuto o tilintar,
das moedas que me dão,
os que têm a alma boa,
os que têm bom coração ?

Pra quem eu vou deixar,
antes que a vida me largue,
o grande estoque que tenho
das palavras "Deus lhe pague"?

Pra quem vou eu deixar,
se fizer um testamento,
todas as folhas de Outono
que, trazidas pelo vento
vêm meus pés atapetar ?

Se eu fizer um testamento,
pra quem é que vou deixar
minhas sandálias furadas,
que pisaram mil caminhos,
cheias de pó das estradas,
estradas por onde andei
em andanças vagabundas ?

Pra quem vou deixar
minhas saudades profundas
dos sonhos que não sonhei ?

Se eu fizer um testamento
pra quem vou eu deixar
meu cajado, meu farnel,
e a marca deste beijo
que uma criança deixou
em meu rosto perguntando
se eu era papai Noel ?

Pra quem vou deixar,
se fizer um testamento
este pedaço de trapo
que no lixo encontrei
e que transformei em lenço
para enxugar minhas lágrimas,
quando fingi que chorei ?

Pra quem é que vou deixar,
se eu fizer um testamento
os bancos destes jardins
onde durmo e onde acordo
entre rosas e jasmins ?

Pra quem vou deixar,
todos os raios de luar
que me beijam cada mão
quando, num canto da rua
eu as ergo em oração ?

Se eu fizer um testamento...
Testamento não farei!
Desses de papel passado,
que papeis eu não ligo,
agora estou resolvido :
O que tenho deixarei
na situação em que estou,
pra qualquer outro mendigo,
rogando a Deus que o faça,
depois que eu tenha morrido
ser tão feliz como eu sou!

OS ESCOLHIDOS : Pensamento


 

AS DORES DE MUITOS... Reflexão


 

PALAVRAS DE UM SÁBIO : Espiritualidade


 

OS ANJOS E AS ALMAS : Espiritualidade


Quando a alma é leve tudo se torna possível...

OS CAÍDOS

OS CAÍDOS
Levante todos os caídos ao seu redor. Você não sabe onde seus pés tropeçarão. André Luís

SOMOS TODOS VIAJANTES

SOMOS TODOS  VIAJANTES