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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

EU VOLTAREI : Poesia de Cora Coralina


“Meu companheiro de vida será um homem corajoso de trabalho,
 servidor do próximo,
 honesto e simples, de pensamentos limpos.
Teremos padarias e muitos filhos. Cada nascer de um filho
será marcado com o plantio de uma árvore simbólica.
 A árvore de Paulo, a árvore de Manoel, 
a árvore de Ruth, a árvore de Roseta.

   Seremos alegres e estaremos sempre a cantar. Nossas padarias terão feixes de trigo enfeitando suas portas,
teremos uma fazenda e um Horto Florestal.
 Plantaremos o mogno, o jacarandá,
 o pau-ferro, o pau-brasil, a aroeira, o cedro.
 Plantarei árvores para as gerações futuras. Meus filhos plantarão o trigo e o milho, e serão padeiros.

   
Terão moinhos, serrarias e panificadoras.
 Deixarei no mundo uma vasta descendência de homens 
e mulheres, ligados profundamente 
ao trabalho e à terra que os ensinarei a amar. E eu morrerei tranquilamente dentro de um campo de trigo ou 
milharal, ouvindo ao longe o cântico alegre dos ceifeiros.


     Eu voltarei... 
A pedra do meu túmulo
 será enfeitada de espigas de trigo
 e cereais quebrados, 
minha oferta póstuma às formigas 
que têm suas casinhas subterran
eas e aos pássaros cantores 
que têm seus ninhos nas altas e floridas 
frondes. Eu voltarei...” 


     Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ou Cora Coralina, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi poeta e contista brasileira. Produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás. Começou a escrever poemas aos 14 anos, porém, publicou seu primeiro livro em 1965, aos 76 anos.

2 comentários:

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Levante todos os caídos ao seu redor. Você não sabe onde seus pés tropeçarão. André Luís

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