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domingo, 16 de março de 2025

O ÚLTIMO VAGÃO : Reflexão

 


Todos os anos, os pais de Martín o levavam para passar as férias de verão com a avó, e no dia seguinte voltavam para casa no mesmo trem. Um dia, o menino olhou para eles e disse: "Já estou crescido, posso ir sozinho para a casa da vovó?". Após uma breve discussão, os pais aceitaram. Na estação, enquanto o trem se preparava para partir, eles se despediram dando-lhe algumas dicas pela janela, enquanto Martín repetia impaciente: "Eu sei, já me disseram isso mais de mil vezes". Quando o trem estava prestes a sair, o pai se inclinou e sussurrou em seu ouvido: "Filho, se você se sentir mal ou inseguro, isto é para você", e colocou algo no bolso do menino.

Agora, Martín está sozinho, sentado no trem, exatamente como queria. Pela primeira vez sem os pais, observa a paisagem passar pela janela, encantado com a sensação de liberdade. Mas, ao seu redor, desconhecidos se empurram, fazem barulho, entram e saem do vagão sem se importar com sua presença. O supervisor comenta sobre o fato de ele estar sozinho. Uma pessoa o olha com tristeza. A cada minuto que passa, Martín sente um incômodo crescer dentro dele. Agora, já não se sente tão seguro. O medo começa a tomar conta e, com a cabeça baixa, lágrimas discretas começam a se formar em seus olhos.
De repente, ele se lembra do que o pai havia colocado em seu bolso. Tremendo, busca aquilo com urgência, como se fosse a única coisa capaz de lhe devolver a segurança. Encontra um pequeno pedaço de papel. Abre rapidamente e lê as palavras escritas com a caligrafia firme de seu pai: "Filho, estou no último vagão".
Assim é a vida. Devemos deixar nossos filhos partirem, dar-lhes asas e confiar em sua jornada. Mas, no fundo, eles sempre precisarão saber que não estão sozinhos. Que, não importa quão distante estejam, sempre haverá um último vagão onde os pais permanecem, atentos, vigiando de longe, prontos para acolhê-los quando precisarem. Enquanto estivermos vivos, devemos ser essa presença invisível, esse porto seguro, porque, por mais que cresçam, os filhos sempre precisarão saber que podem voltar.

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OS CAÍDOS

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Levante todos os caídos ao seu redor. Você não sabe onde seus pés tropeçarão. André Luís

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